domingo, 31 de agosto de 2008

Que teste detecta o vírus da AIDS?

.......O teste mais utilizado nas investigações diagnósticas, para detecção de anticorpos anti-HIV no organismo, é o Elisa. Ele procura no sangue do indivíduo os anticorpos que, naturalmente, o corpo desenvolve em resposta à infecção pelo HIV. O resultado desse teste é rápido, mas, ocasionalmente, pode surgir um falso positivo (resultado positivo para o HIV, em uma pessoa não contaminada pelo vírus). Por isso, caso o resultado seja positivo, aconselha-se repetir o Elisa e, em seguida, fazer o teste de Western Blot para que não restem quaisquer dúvidas. O teste de Western Blot é mais sensível e define, com mais precisão, a presença de anticorpos anti-HIV no sangue. No entanto, como é mais complicado e exige condições técnicas mais avançadas, só é utilizado como confirmação do Elisa.

.......Os exames habituais (ELISA e Western-Blot) detectam anticorpos contra o HIV, produzidos pelo sistema imune do hospedeiro. Desta forma, existe um período (chamado de "janela imunológica") em que o indivíduo pode estar infectado, sem, no entanto, ter estabelecido ainda uma taxa de anticorpos em quantidade detectável. Assim, o indivíduo com infecção recente, ainda não detectável pelos exames habituais, pode transmitir o vírus, uma vez que esse já pode estar circulante no sangue e ser eliminado nas secreções. Além disso, na fase inicial da infecção, as taxas de vírus circulantes podem ser altas, uma vez que a resposta de defesa do hospedeiro ainda não está estruturada. O teste sorológico para AIDS pode ser realizado em laboratórios clínicos particulares. Porém, o ideal é realizar o exame após consulta e aconselhamento médico.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

"Confesso que estou vivo"

......"Assim como todo brasileiro, eu vejo televisão. Depois de um dia de trabalho intenso, cheguei em casa e liguei a TV para ver os noticiários, quando fui pego de surpresa. Aparecia na tela um jovem que dizia ter sido tuberculoso, mas que estava curado. Respirei aliviado. Uma jovem dizia que tinha câncer e que se curou. Fiquei mais animado ainda com o progresso da medicina. Logo entra um jovem, olha para mim e diz: "Eu tenho AIDS e não tenho cura!".
Depois li nos jornais que a segunda etapa dessa campanha veiculada pela TV começaria. No carnaval ia aparecer a máscara negra - o negro da morte e do racismo - para continuar o didático processo de assustar a população, uma espécie de terrorismo pedagógico com seqüestro da esperança.
......Fiquei parado por um tempo, pensando, com amarga sensação de que alguém me estava puxando para baixo, para a idéia da morte, para o fundo do poço. Custava a crer que fosse uma propaganda promovida pelo Ministério da Saúde, mas era.
......Lembrei-me de que a AIDS havia aparecido em 1981, ligada à idéia da morte, doença fatal, vírus invencível, morte com data marcada. Estar com AIDS era estar marcado para morrer muito mais rápido do que qualquer mortal. Os primeiros doentes de AIDS percorreram em pouco tempo esse caminho do sofrimento terrível, da discriminação e da morte. Acompanhei e presenciei a morte de meus dois irmãos hemofílicos, Henfil e Francisco Mario. Na morte de Henfil, Francisco, sabendo que iria morrer, não resistiu à tentação de prever a minha morte. Generosamente me deu três anos!
......Com o tempo muita coisa foi mudando. O vírus foi perdendo sua invencibilidade e seu caráter de absoluta excepcionalidade. Veio o AZT, que não cura, mas controla em muitos casos o desenvolvimento da doença. Vieram várias outras drogas que estão sendo testadas e administradas, como o DDI e vários outros. Vieram os tratamentos preventivos nos soropositivos e nos doentes, como o uso de pentamidine para combater a pneumonia mais comum entre os doentes de AIDS ( Pneumocistis carini ). Os prazos de manifestação da doença foram se alargando para 7, 10, 15 anos. Os prazos de sobrevivência dos doentes romperam a barreira do ano e meio. A vacina deixou de ser uma pura hipótese e está sendo testada. Enfim, a AIDS foi e está sendo enfrentada como uma doença que ainda não tem cura, mas que já pode ser em grande medida controlada e que, num prazo ainda não determinado, poderá ser curada ou definitivamente controlada, como já ocorreu com tantas outras doenças incuráveis da história. Lembro-me de que sou um incurável hemofílico, fui um incurável tuberculoso aos 15 anos e um incurável maoísta nos anos 70. Hoje me sinto curado de todas essas doenças.
......Depois de me preparar para morrer em dois anos - fiz também meus cálculos - e de verificar que já se passaram quase três anos de minha morte anunciada, cheguei à conclusão de que o melhor que faço é me preparar mesmo para continuar vivendo. Tenho ainda e gozo de boa saúde e grande disposição para o trabalho, principalmente político, como: lutar pela democratização do país, contra os pacotes econômicos, participar de campanhas de saúde, particularmente AIDS, recuperação do Rio de Janeiro, defesa dos direitos humanos, proteção ao meio ambiente, reforma agrária, entre outras questões.
......Nesse período de preparação para a morte, cheguei mesmo a propor a meu xará Herbert Daniel a compra comum de uma sepultura no Cemitério São João Batista, dado o alto preço desse bem essencial e a economia que faríamos, colocando na mesma tumba um nome e dois sobrenomes. Herbert Daniel chegou a facilitar a minha proposta, dizendo que ele queria ser cremado, o que obviamente me daria muito mais espaço pelo mesmo preço.
......Hoje me vejo em situação embaraçosa para mim e para meus amigos. Minha morte não ocorreu. Tive de assistir desolado à morte de vários amigos que se foram antes de mim. Minha saúde continua boa, apesar de todas as campanhas do Ministério da Saúde e de todos os remédios que tomo, incluindo a cerveja, que até hoje não apresentou nenhum efeito colateral com o AZT. Trabalho intensamente como se estivesse realmente vivo. Vou ao cinema e a shows musicais sem provocar nenhum espanto entre aqueles que me vêem vivo. Escrevo para jornais. Dou entrevistas para rádios e televisões nacionais e estrangeiras, demonstrando sinais inequívocos de inteligência, agilidade e bom humor (salvo quando falo da equipe econômica do governo).
......Meu analista, desesperado com a minha insistência em não morrer, já propôs o fim do tratamento. Meu médico imunologista já recebe com visível inquietação os resultados normais de meus hemogramas. Minha companheira muitas vezes se esquece de minha situação e me trata com a absoluta e notável naturalidade.
......Foi aí que a propaganda do Ministério da Saúde veio me recolocar no meu devido lugar e apontar um caminho. Gravei em vídeo a mensagem e agora passei a ver a propaganda toda vez que desperto e antes de dormir. "Tenho AIDS e não tem cura!". Decidi então acrescentar, ou aperfeiçoar o vídeo do governo (pago por muitas empresas que querem fazer o bem para as pessoas com AIDS), uma mensagem minha para mim mesmo, que diz: "Convença-se disso, seu imbecil. O Ministério da Saúde sabe o que é bom para você. O governo só quer o seu bem! Cancele todos os seus compromissos de hoje, principalmente os políticos. Vista-se de preto para ficar mais apropriado à sua situação. Acabe com esse sorriso sem sentido que brota de sua boca. Mande sua companheira e filhos para lugares bem distantes para que não vejam o seu fim tão próximo. Feche a porta. Venha de lá um abraço. Dr. Alceni. Abra o gás!". "


Esse, é um dos textos de Betinho, ou Hebert de Souza: uma pessoa que não se deixou abater por ser soropositivo. Vala a pena ler, não só esse, mas todos ou outros. Pra quem quiser saber mais clique aqui.
É isso... Beijos!

domingo, 24 de agosto de 2008

HTLV

O vírus HTLV (sigla na língua inglesa que indica vírus que infecta células T humanas) é um retrovírus isolado em 1980 a partir de um paciente com um tipo raro de leucemia de células T. Apresenta dois tipos: HTLV-I, que está implicado em doença neurológica e leucemia, e HTLV-II, o tipo 2, que está pouco evidenciado como causa de doença.

Sinais e sintomas: Cerca de 99% das pessoas portadoras do HTLV-I nunca desenvolverão qualquer problema de saúde relacionado ao vírus HTLV. Entretanto, alguns pacientes podem desenvolver problemas neurológicos. Geralmente, começam a se queixar de dores nos membros inferiores (panturrilhas), na região lombar (parte inferior da coluna lombar), e apresentam dificuldade em defecar ou urinar. Estes sintomas são sempre progressivos e estão na região abaixo da linha do umbigo.

A minoria dos portadores sem sintomas poderão desenvolver alguma doença. No Japão, por exemplo, 14 em cada 1500 portadores assintomáticos poderão desenvolver uma doença neurológica (dificuldade de andar). No caso de leucemia o risco é ainda menor: um em cada 10.000 portadores do HTLV poderá desenvolvê-la ao longo da vida.

Formas de contágio: O HTLV possui as mesmas rotas de transmissão que outros vírus como o vírus da imunodeficiência humana (HIV) e o vírus da hepatite C (HCV): pela relação sexual desprotegida com uma pessoa infectada; uso em comum de seringas e agulhas durante o uso de drogas; da mãe infectada para a o recém-nascido (principalmente pelo aleitamento materno).

Prevenção: Recomenda-se o uso de preservativo todas as relações sexuais.

Tratamento: Como o risco do desenvolvimento da doença associado ao HTLV-I é muito baixo, não existe indicação de tratamento nos casos assintomáticos, até este momento. Os casos onde existem sintomas comprovados de doença associada ao HTLV-I o tratamento irá depender de uma avaliação neurológica.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

HPV ou Condiloma Acuminado

A Doença: O condiloma acuminado é uma lesão na região genital, causada pelo Papilloma virus Humano (HPV). A doença é também conhecida como crista de galo, figueira ou cavalo de crista.

Sinais e Sintomas: O HPV provoca verrugas, com aspecto de couve-flor e de tamanhos variáveis, nos órgãos genitais. Pode ainda estar relacionado ao aparecimento de alguns tipos de câncer, principalmente no colo do útero, mas também no pênis ou no ânus. Porém, nem todo caso de infecção pelo HPV irá causar câncer.

Formas de contágio: A infecção pelo HPV é muito comum. Esse vírus é transmitido pelo contato direto com a pele contaminada, mesmo quando essa não apresenta lesões visíveis. A transmissão também pode ocorrer durante o sexo oral. Há, ainda, a possibilidade de contaminação por meio de objetos como toalhas, roupas íntimas, vasos sanitários ou banheiras.

Prevenção: Não existe forma de prevenção 100% segura, já que o HPV pode ser transmitido até mesmo por meio de uma toalha ou outro objeto. Calcula-se que o uso da camisinha consiga barrar entre 70% e 80% das transmissões, e sua efetividade não é maior porque o vírus pode estar alojado em outro local, não necessariamente no pênis, mas também na pele da região pubiana, períneo e ânus. A novidade é a chegada em 2006, da primeira vacina capaz de prevenir a infecção pelos dois tipos mais comuns de HPV, o 6 e o 11, responsáveis por 90% das verrugas, e também dos dois tipos mais perigosos, o 16 e o 18, responsáveis por 70% dos casos de câncer de colo do útero. Ainda em discussão os valores para dose (3 doses), para o mercado privado brasileiro. Na maioria das vezes os homens não manifestam a doença. Ainda assim, são transmissores do vírus. Quanto às mulheres, é importante que elas façam o exame de prevenção do câncer do colo, conhecido como "papanicolau" ou preventivo, regularmente.

Tratamento: O tratamento do HPV pode ser feito por meio de diversos métodos: químicos, quimioterápicos, imunoterápicos e cirúrgicos. A maioria deles destruirá o tecido doente.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

A Gonorréia


É a infecção causada pelo gonococo. Após a contaminação, essa DST leva, em geral, apenas dois dias para se manifestar. Ou seja, seu tempo de incubação é muito curto. A bactéria afeta principalmente a uretra masculina e, na mulher, o canal do colo do útero (canal cervical), causando a uretrite ou a cervicite, respectivamente. A secreção produzida é geralmente volumosa e purulenta.

Gonococo


O tratamento é relativamente simples. É feito, exclusivamente, com antibióticos específicos cuja escolha dependerá de fatores, tais como: a idade, o estágio da doença, se a mulher está grávida ou se o paciente apresenta alguma outra doença genital, especialmente a infecção por clamídia. Se tratada na fase inicial, não acarreta maiores danos. Se ignorada ou tratada de forma inadequada, a gonorréia pode causar infertilidade. Especialmente entre as mulheres, este risco é grande, pois a infecção se apresenta de forma menos sintomática. O tratamento bem sucedido da gonorréia prevê, também, o tratamento do parceiro sexual, a fim de evitar a reinfecção. No caso de gestantes não tratadas, com inflamação no colo do útero e candidatas a um parto normal, a infecção poderá afetar seriamente os olhos do recém-nascido, determinando, inclusive, a perda da visão. Por isso, ainda hoje, é recomendado o uso de colírio de nitrato de prata profilático, imediatamente após o parto.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Sífilis

A sífilis é uma doença infecciosa, sujeita a surtos e períodos de latência.

Agente Etiológico: O Treponema pallidum é um espiroqueta (microorganismo com forma espiral) de transmissão essencialmente sexual ou materno-fetal, podendo produzir, a forma adquirida ou congênita da doença.

Treponema pallidum


Classificação: A Sífilis, pode ser separada em algumas fases; são elas:

  • Sífilis Primária ou Cancro Duro
    O cancro duro classicamente caracteriza-se pela presença de lesão rosada ou ulcerada, geralmente única, pouco dolorosa, com base endurecida, fundo liso, brilhante e secreção serosa escassa. A lesão aparece entre 10 e 90 dias (média de 21) após o contato infectante. São raras, porém factíveis, as lesões de inoculação em outras áreas que não a genital.

  • Sífilis Secundária
    Geralmente caracteriza-se pela presença de lesões cutâneo-mucosas, não ulceradas, após 6 a 8 semanas do aparecimento da sífilis primária (cancro duro).

  • Sífilis Latente (recente e tardia)
    É a forma da sífilis adquirida na qual não se observam sinais e sintomas clínicos e, portanto, tem o seu diagnóstico feito por meio de testes sorológicos. Sua duração é variável, e seu curso poderá ser interrompido com sinais e sintomas da forma secundária ou terciária.
  • Sífilis Terciária
    Os sinais e sintomas geralmente ocorrem após 3 a 12 anos de infecção, principalmente por lesões cutâneo-mucosas (tubérculos ou gomas), neurológicas ("tabes dorsalis", demência), cardiovasculares (aneurisma aórtico) e articulares (artropatia de Charcot).

Sífilis Congênita
Recebe o nome de ‘congênita’ por nascer com o individuo.
A sífilis congênita é o contágio do Treponema pallidum por via transplacentária, quando a gestante infectada, não tratada o transmite para o bebê. Transmissão essa que poderá ocorrer em qualquer fase da gestação, provocando aborto espontâneo, morte fetal, prematuridade, recém-nascidos com sintomas da doença. Sendo que a metade de todos os bebês infectados morre pouco antes ou pouco depois do parto. Os bebês que sobrevivem apresentam os sintomas da etapa inicial, como irritabilidade, incapacidade de progredir e febre. O diagnóstico precoce e o tratamento da gestante são eficazes na prevenção da doença, sendo assim, é importante que o serviço de saúde disponibilize a toda gestante uma assistência pré-natal adequada.

domingo, 17 de agosto de 2008

A AIDS.

Olá, amigos leitores... Como já devem saber o dia da apresentação da Feira de Saúde se aproxima. É exatamente por isso que a partir de hoje, estaremos informando-os sobre as doenças sexualmente a serem tratadas ao longo do nosso projeto. Iremos começar com a mais comum delas: a AIDS (vírus HIV).

A aids é uma doença que se manifesta após a infecção do organismo humano pelo Vírus da Imunodeficiência Humana, mais conhecido como HIV. Esta sigla é proveniente do inglês - Human Immunodeficiency Virus.
Também do inglês deriva a sigla AIDS, Acquired Immune Deficiency Syndrome, que em português quer dizer Síndrome da Imunodeficiência Adquirida.

Síndrome: Grupo de sinais e sintomas que, uma vez considerados em conjunto, caracterizam uma doença.
Imunodeficiência: Inabilidade do sistema de defesa do organismo humano para se proteger contra microorganismos invasores, tais como: vírus, bactérias, protozoários, etc.
Adquirida: Não é congênita como no caso de outras imunodeficiências. A aids não é causada espontaneamente, mas por um fator externo (a infecção pelo HIV).

O HIV destrói os linfócitos - células responsáveis pela defesa do nosso organismo -, tornando a pessoa vulnerável a outras infecções e doenças oportunistas, chamadas assim por surgirem nos momentos em que o sistema imunológico do indivíduo está enfraquecido.

Imagem: Vírus HIV

Há alguns anos, receber o diagnóstico de aids era quase uma sentença de morte. Atualmente, porém, a aids já pode ser considerada uma doença crônica. Isto significa que uma pessoa infectada pelo HIV pode viver com o vírus, por um longo período, sem apresentar nenhum sintoma ou sinal. Isso tem sido possível graças aos avanços tecnológicos e às pesquisas, que propiciam o desenvolvimento de medicamentos cada vez mais eficazes. Deve-se, também, à experiência obtida ao longo dos anos por profissionais de saúde. Todos estes fatores possibilitam aos portadores do vírus ter uma sobrevida cada vez maior e de melhor qualidade.